Uma Audiência Pública
para debater a exploração de trabalho escravo na cadeia produtiva de café, no
Sul de Minas Gerais, levou especialistas no assunto à Câmara do Deputados, em
Brasília, na última quarta-feira, 15 de junho. O ponto central do debate foi o
relatório da ONG dinamarquesa Danwatch, que acusa multinacionais como Nestlé e
Jacobs Douwe Egberts (dona de marcas como Pilão, Damasco, Caboclo e Café do
Ponto) de se beneficiarem dessa prática.
Para o procurador do
Trabalho Carlos Eduardo Andrade, que representou o Ministério Público do
Trabalho na Audiência Pública, o combate ao trabalho escravo na cadeia
produtiva do café "envolve o compromisso com a transparência dos
fornecedores e o respeito à dignidade, saúde, segurança e direitos dos
trabalhadores da colheita do café".
A deputada Erika Kokay
(PT-DF), uma das autoras do requerimento da audiência, manifestou oposição às
propostas que, atualmente tramitam na Câmara, com objetivo de reduzir o
trabalho escravo, para excluir jornada exaustiva e condições degradantes e
sugeriu a criação de uma subcomissão para discutir o trabalho escravo no
Brasil.
O dirigente da
Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais (Adere-MG), Jorge
Santos Filho, denunciou o predomínio da informalidade em lavouras de café no
Sul de Minas e a falta de equipamentos de proteção individual.
Segundo dados da
Fundação Walk Free, o Brasil tem mais de 160 mil pessoas submetidas à
escravidão. Em 2014, eram cerca de 155 mil.
Resgatados
em Minas em 2015
Segundo dados do
Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), em 2015, um total de 408
trabalhadores foram encontrados em situação análoga à de escravo no Estado de
Minas. Em uma das operações 14 pessoas foram resgatadas do trabalho análogo ao
de escravo em lavoura de café, na cidade de Machado, no Sul de Minas. "No
grupo havia trabalhadores aliciados na Bahia, inclusive crianças. Estavam
alojados todos juntos em um galpão, não tinha carteira assinada e eram coagidos
a comprar alimentos em um único local. Os trabalhadores estavam sem carteira
assinada, só podiam comprar alimentos em um local indicado pelo
"gato". A rescisão contratual dos 14 trabalhadores foi formalizada
por meio da assinatura de um termo de ajustamento de conduta perante o
Procurador do Trabalho Paulo Crestana.
Produção
de café
Em 2015, o Brasil
produziu 43,24 milhões de sacas de 60 kg de café, sendo 37,1 milhões exportadas
para 130 países. Minas Gerais é responsável pela maior parcela da produção do
País, principalmente do café tipo arábica. A previsão da safra em 2016, de
acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 27,7 milhões de
sacas. A maior parte disso está concentrada no sul de Minas, que é responsável
por metade da produção de todo o estado.
MPT
MG
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