O Brasil registra,
em média, 700 mil acidentes de trabalho por ano desde 2010. Em 2014 - último
dado disponível - foram 704,1 mil, sendo 2.783 mil óbitos e 251,5 mil
afastamentos por mais de 15 dias. Os dados são do Ministério do Trabalho e
Previdência Social (MTPS). O número em 2014 foi 3% inferior aos 725,6 mil
acidentes em 2013, mas a ligeira queda aponta que ainda é preciso ampliar os
esforços para reverter o quadro.
Para estimular a adoção
de procedimentos de saúde e segurança no trabalho, desde 2014 o MTPS participa
do Abril Verde, mês dedicado à conscientização sobre o tema, no qual foi
instituído, no dia 28, o Dia Mundial em Memória das Vítimas de acidentes e
doenças do Trabalho, também considerado pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) como Dia Mundial da Saúde e Segurança do Trabalho.
Além das irrecuperáveis
perdas de vidas, estes acidentes e doenças resultam também em afastamentos e
diminuição da capacidade produtiva, cujas consequências, muitas vezes,
extrapolam o ambiente de trabalho. O Abril Verde busca alertar empregados,
empregadores, governos e sociedade civil para a importância de práticas que
reduzam o número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, promovam um
ambiente seguro, e práticas saudáveis em todos os setores produtivos.
Outra característica
que se destaca na análise de dados sobre acidentes no Brasil é a predominância
de homens jovens nas ocorrências. Do total de 704,1 mil acidentes e doenças do
trabalho comunicados ao MTPS em 2014, 68% dos acidentados são homens (478,9
mil), a maior parte na faixa etária de 25 a 29 anos (80,5 mil). Neste mesmo
período, 225,2 mil trabalhadoras foram vítimas de acidentes ou doenças
relacionadas ao trabalho, ou, 32% do total, a maioria mulheres com idade entre
30 e 34 anos.
Em números absolutos, e
considerando o recorte regional, a maior incidência foi registrada na região
Sudeste (379,4 mil), seguida pelo Sul (157,3 mil), Nordeste (85,7 mil),
Centro-Oeste (50,3 mil) e o menor número de casos foi contabilizado na região
Norte (31,2 mil).
"Dados como esses
demonstram que precisamos aprofundar o debate com a sociedade – trabalhadores,
empregadores e governo - sobre os novos aspectos e desafios do mundo do
trabalho, e sobre o impacto que as relações de trabalho e os processos
produtivos geram sobre a saúde das pessoas. Ainda temos grandes desafios nesta
área", avalia Marco Pérez, diretor do Departamento de Políticas de Saúde e
Segurança Ocupacional do Ministério do Trabalho e Previdência Social
(DPSSO/MTPS).
A queda nos números de
acidentes de trabalho faz parte de uma tendência, aponta Pérez, que se
relaciona principalmente à alteração no perfil de empregabilidade no país, às
transformações tecnológicas no processo produtivo das empresas e à rotatividade
característica do setor terceirizado. “Cada vez mais estamos concentrando a mão
de obra do Brasil em atividades do ramo terciário da economia, que são
comércios e serviços. Com isso, o trabalhador se expõe a condições de trabalho
que diminuem o risco de adoecer ou se acidentar”.
As mudanças
tecnológicas também implicam menores exposições a riscos, "e têm alterado
a probabilidade dos trabalhadores adoecerem ou se acidentarem, assim como a
rotatividade, característica forte nos trabalhos terceirizados: pessoas que
estavam trabalhando expostas a riscos deixam de trabalhar antes de adoecerem ou
são revezadas de postos, ou ainda, demitidas antes do agravo à saúde ser
relacionado ao trabalho”, acrescenta Pérez.
MTPS
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