Reunidas na sede
nacional da CUT em São Paulo, as centrais sindicais brasileiras – CUT, Força
Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB – vêm a público manifestar sua
posição contrária às duas Medidas Provisórias do Governo Federal (MP 664 e MP
665) editadas na virada do ano, sem qualquer consulta ou discussão prévia com a
representação sindical dos trabalhadores e trabalhadoras que, em nome de
“corrigir distorções e fraudes”, atacam e reduzem direitos referentes ao
seguro-desemprego, abono salarial (PIS-Pasep), seguro-defeso, auxílio-reclusão,
pensões, auxílio-doença e, ainda, estabelece a terceirização da perícia médica
para o âmbito das empresas privadas.
As medidas incluídas
nas duas MPs mencionadas prejudicam os trabalhadores ao dificultar o acesso ao
seguro-desemprego com a exigência de 18 meses de trabalho nos 24 meses
anteriores à dispensa, num país em que a rotatividade da mão de obra é intensa,
bloqueando em particular o acesso de trabalhadores jovens a este benefício
social. As novas exigências para a pensão por morte penalizam igualmente os
trabalhadores: enquanto não se mexe nas pensões de alguns “privilegiados”,
restringem o valor do benefício em até 50% para trabalhadores de baixa renda.
As Centrais Sindicais
condenam não só o método utilizado pelo Governo Federal, que antes havia se
comprometido a dialogar previamente eventuais medidas que afetassem a classe
trabalhadora, de anunciar de forma unilateral as MPs 664 e 665, bem como o
conteúdo dessas medidas, que vão na contramão do compromisso com a manutenção
dos direitos trabalhistas.
De forma unânime as
Centrais Sindicais reivindicam a revogação/retirada dessas MPs, de modo a que
se abra uma verdadeira discussão sobre a correção de distorções e eventuais
fraudes, discussão para a qual as Centrais sempre estiveram abertas,
reafirmando sua defesa intransigente dos direitos trabalhistas, os quais não
aceitamos que sejam reduzidos ou tenham seu acesso dificultado.
As medidas, além de
atingirem os trabalhadores e trabalhadoras, vão na direção contrária da
estruturação do sistema de seguridade social, com redução de direitos e sem
combate efetivo às irregularidades que teriam sido a motivação do governo para
adotá-las. Desta maneira, as Centrais Sindicais entendem que as alterações
propostas pelas MPs terão efeito negativo na política de redução das
desigualdades sociais, bandeira histórica da classe trabalhadora.
As Centrais Sindicais
farão uma reunião com o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da
República no dia 19 de janeiro, em São Paulo, na qual solicitarão formalmente a
retirada das referidas medidas pelo Poder Executivo e apresentarão suas
propostas.
As Centrais Sindicais
também expressam sua total solidariedade à luta contra as demissões de
trabalhadores e trabalhadoras da Volkswagen e Mercedes Benz ocorridas também na
virada do ano e consideram que a sua reversão é uma questão de honra para o
conjunto do movimento sindical brasileiro. As Centrais Sindicais consideram
inaceitável que as montadoras, empresas multinacionais que receberam enormes
benefícios fiscais do governo e remeteram bilhões de lucros às suas matrizes no
exterior, ao primeiro sinal de dificuldade, demitam em massa.
As Centrais Sindicais
também exigem uma solução imediata para a situação dos trabalhadores e
trabalhadoras das empreiteiras contratadas pela Petrobras; defendem o combate à
corrupção e que os desvios dos recursos da empresa sejam apurados e os
criminosos julgados e punidos exemplarmente. No entanto, não podemos aceitar
que o fato seja usado para enfraquecer a Petrobras, patrimônio do povo
brasileiro, contestar sua exploração do petróleo baseada no regime de partilha,
nem sua política industrial fundamentada no conteúdo nacional, e, muito menos,
para inviabilizar a exploração do Pré-Sal. As Centrais também não aceitam que
os trabalhadores da cadeia produtiva da empresa sejam prejudicados em seus
direitos ou percam seus empregos em função desse processo.
Por fim, as Centrais
Sindicais convocam toda sua militância para mobilizarem suas bases e irem para
ruas de todo país no próximo dia 28 de Janeiro para o Dia Nacional de Lutas por
emprego e direitos. Conclamam, da mesma forma, todas as suas entidades
orgânicas e filiadas, de todas as categorias e ramos que compõem as seis
centrais, a participarem ativamente da 9ª Marcha da Classe Trabalhadora,
prevista para 26 de Fevereiro, em São Paulo, para darmos visibilidades às
nossas principais reivindicações e propostas.
São Paulo, 13 de
Janeiro de 2014
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