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9 de novembro de 2015

Dieese realiza seminário sobre salário mínimo na Assembleia de Minas Gerais


Com o apoio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza, na Escola do Legislativo, o seminário “Salário mínimo e desenvolvimento: lições do Brasil e de experiências internacionais”, que teve início na manhã desta segunda-feira (9/11/15) e segue até terça (10). Na abertura do evento, o presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da ALMG, deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), destacou a sua satisfação em ver Minas Gerais ser escolhida para sediar o encontro, que avaliou como “muito importante para o mundo do trabalho”.

“É uma alegria para Minas Gerais e para a Assembleia Legislativa receber este evento tão valioso para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, que certamente vai gerar grandes ideias para fortalecê-los e, em consequência, contribuir para o desenvolvimento do Brasil. É também uma satisfação debater um tema tão importante como o salário mínimo, sobretudo em um momento tão especial como este, quando se celebra o aniversário de 60 anos do Dieese, uma entidade que é motivo de orgulho”, destacou o deputado. Ressaltando ser um representante da classe trabalhadora dentro do Parlamento mineiro, ele ainda lembrou a tramitação do Projeto de Lei (PL) 533/15, de sua autoria, que regulamenta o piso salarial regional no Estado (salário mínimo regional).

Para a presidente do Dieese, Zenaide Honório, o salário mínimo garante avanços para a economia e para toda a classe trabalhadora. Elogiando a politica de valorização do mínimo, iniciada em 2011, ela destacou, entretanto, que os resultados ainda estão aquém do que é necessário.

Saudando a atuação do Dieese e parabenizando a entidade pelo aniversário, o sociólogo alemão Thomas Mans, representante da Fundação Friedrich Ebert no Brasil, avaliou que o fortalecimento do salário mínimo é essencial no combate à desigualdade. O estudioso lembrou que a desigualdade tem impacto em toda a sociedade, inclusive em países de economia avançada, como a Alemanha, razão pela qual é tão importante existirem políticas de distribuição de renda. “Este tema é valoroso e deve estar sempre na agenda, e o Brasil está bem avançado no que concerne às políticas de combate à desigualdade”, ponderou.

Especialistas avaliam realidades da Europa e América Latina

O primeiro painel do seminário analisou a situação de políticas de salário-mínimo em países da América Latina e da Europa. Para a diretora sindical do Departamento de Negociação Coletiva do Sindicato Unificado do Setor de Serviços (Verdi) da Alemanha, Gabriele Sterkel, a implantação do salário mínimo germânico, iniciado neste ano de 2015, embora ainda em valores que ela considera pequenos, foi um primeiro passo importante no País. Segundo a especialista, o principal papel deste tipo de política é combater desigualdades. Ela avaliou que, em contextos de crise como a que preocupa o mundo atualmente, é essencial manter a valorização dos salários.

George Wilson, doutorando em Direito na Universidade de Leeds, fez um apanhado histórico do salário mínimo no Reino Unido, abordando os critérios para a sua implantação e seus impactos para a economia e a classe trabalhadora. Segundo ele, houve um avanço após os governos trabalhistas, iniciados com a gestão do primeiro-ministro Tony Blair, em 1997. O pesquisador informou, ainda, que os valores do mínimo local são reajustados anualmente desde a sua criação, na década de 1940. Ele ainda fez um comparativo do piso do Reino Unido com o de outras nações europeias, ressaltando que o valor per capita é superior ao de muitos países e cumpre razoavelmente bem a sua função social.
O secretário-executivo da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) das Nações Unidas, Antônio Prado, fez uma explanação sobre a realidade do salário mínimo na América Latina, onde o Brasil é o País com a melhor situação. Segundo ele, na Argentina e no Uruguai, também houve avanços nas políticas de valorização do mínimo. Nos demais países, porém, ainda há muito a ser feito. O México apresentaria a pior situação. Diversos serviços daquele país seriam indexados ao valor do mínimo, o que prejudicaria a sua valorização. Porém, o especialista relata que já teriam iniciado alterações importantes para melhorar o cenário, como a desindexação de contratos.

“O Brasil apresenta o melhor cenário de salário mínimo da América Latina, tanto em razão do tempo de vigência do piso, como também da política de valorização iniciada em 2011. Argentina e Uruguai também tiveram avanços consideráveis nos últimos anos, mantendo reajustes anuais mesmo durante crises. A pior realidade no continente latino é do México. Mas, recentemente, após um seminário como este ao qual compareceremos naquele país, houve aperfeiçoamentos, como a desindexação de alguns contratos anteriormente reajustados de acordo com o mínimo, fator que dificultava a valorização do piso mexicano”, avaliou.


ALMG

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