Um dos protocolos trata
da vinda de empresa multinacional para Santa Rita do Sapucaí
Sem a presença de
representantes do governo, foi realizada, na tarde desta terça-feira (5/5/15),
audiência pública da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo
da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que tinha por finalidade discutir
a suspensão, por parte da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF), dos protocolos
de intenção destinados a conceder incentivos para a instalação de empresas em
Minas Gerais.
Apenas dois convidados
- um empresário e um advogado tributarista - compareceram à audiência,
convocada a requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). A ausência de
representantes do Governo do Estado motivou protestos da parte dos deputados
presentes, todos da oposição. Os protocolos estão
suspensos desde fevereiro, quando a SEF editou a Resolução 4.751, dispondo
sobre a execução de atividade especial de padronização dos tratamentos
tributários diferenciados. De acordo com a norma, cabe à Subsecretaria da
Receita Estadual promover a padronização dos tratamentos tributários
diferenciados em vigor, concedidos com base no artigo 225 da Lei 6.763, de
1975.
Os parlamentares
presentes lamentaram a falta de definição por parte do governo, alegando que a
situação contribui para afastar os investidores do Estado, reduzindo a
capacidade de produção e geração de empregos.
O empresário Maurício
Magalhães, diretor geral no Brasil da empresa finlandesa Luvata, produtora de
eletrodos para soldagem por resistência elétrica, disse que a primeira versão
do protocolo foi assinada em abril de 2014. De lá para cá, disse, houve uma série
de discussões, até que, em novembro, o protocolo foi oficializado, inclusive
determinando os percentuais de incentivos fiscais para investimentos. “O
processo seguiu para a Finlândia, sede da empresa, mas, em fevereiro, fomos
surpreendidos pelo decreto dizendo que seriam revisados todos os protocolos”,
disse Magalhães, que se declarou “em dificuldade perante os seus superiores”
para explicar o que está ocorrendo.
Segundo Magalhães, a SEF não responde e-mails nem atende seus telefonemas. “Em plena recessão, queremos implantar uma indústria que vai gerar 150 empregos diretos e mais de 2 mil indiretos e não conseguimos nem receber respostas. Como é possível isso?", questionou. Ele ainda afirmou que a Luvata é uma indústria de grande porte, que faturou, no ano passado, 2 milhões de euros.
Segundo Magalhães, a SEF não responde e-mails nem atende seus telefonemas. “Em plena recessão, queremos implantar uma indústria que vai gerar 150 empregos diretos e mais de 2 mil indiretos e não conseguimos nem receber respostas. Como é possível isso?", questionou. Ele ainda afirmou que a Luvata é uma indústria de grande porte, que faturou, no ano passado, 2 milhões de euros.
Disse ainda que na
mesma época que a empresa finlandesa manifestou interesse em investir no
Brasil, começando por Minas Gerais, iniciou negócios também no México, na
Sérvia e na Índia. “O Brasil era o primeiro da fila; hoje é o último”,
lamentou. “Imaginei sair daqui pelo menos com um horizonte, uma resposta ao
menos. Isso não é profissionalismo”, disse, ao criticar a ausência de
representantes do Governo do Estado na reunião.
O advogado tributarista
Fernando Martuscellli, ex-procurador da Fazenda, também criticou o
procedimento. Segundo ele, os acordos são todos chancelados pela Advocacia
Geral do Estado, concedidos em função de três variáveis - faturamento, geração
de emprego e investimento -, de forma que não há por que questionar a sua
legalidade.
Guerra fiscal prejudica
Minas GeraisMartuscelli disse ainda que Minas Gerais enfrenta uma guerra fiscal
extremamente agressiva e que Estados como o Rio de Janeiro e a Bahia oferecem
incentivos fiscais muito atrativos para as empresas, o que pode acabar
afastando os investidores do Estado. Segundo ele, desde que o novo governo
assumiu, não há segurança para investimentos em Minas Gerais. “Conclamo todos
os deputados, num esforço de negociação, acima de qualquer discussão
partidária, a iniciar um diálogo efetivo com a Secretaria de Fazenda, porque
Minas Gerais precisa de investimentos e estamos perdendo investimentos devido à
morosidade do processo de transição”, disse.
Autor do requerimento
para a realização da audiência, o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) alegou
que os investidores necessitam de segurança jurídica, e não podem ficar à mercê
de burocracia. O deputado criticou a falta de agilidade no processo, que seria
motivada pela análise caso a caso, afirmando que o número de protocolos que
aguardam assinatura é muito elevado e as empresas não têm tido retorno da parte
do governo. Ele informou, também, que está em curso, na Assembleia, a
reativação da Frente Parlamentar da Indústria, em defesa do emprego e de novos
investimentos.
Sem esconder sua
indignação, o deputado Felipe Attiê (PP) lamentou a ausência de representantes
do governo para discutir “um assunto importante como esse”. Exaltado, fez
críticas contundentes ao governador, afirmando que a Assembleia “não tem um
projeto de lei do governo para votar”. Segundo ele, governador e secretários
“estão perdidos, batendo com a cabeça na pedra, rumo ao precipício”. “O assunto
urge, o tempo de decisão dos empresários não é o tempo da burocracia pública”,
disse. O parlamentar manifestou receio de que os investidores desistam, porque
a situação, tal como está, “gera desconfiança, insegurança jurídica e
tributária”.
O deputado Fábio Avelar
Oliveira (PTdoB) também lamentou ver as empresas querendo se instalar no Estado
sem poder concretizar seus planos. Segundo ele, em Nova Serrana (Centro-Oeste
de Minas), polo calçadista, as empresas também estão indo embora por falta de
incentivos e o problema já vem se manifestando desde 2010, no governo anterior.
“Seis já foram para a Bahia e outras três para Santa Catarina”, lamentou.
Batendo panela, em
protesto, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) entrou no Plenarinho III,
onde se realizou a audiência, reclamando contra o governo. “Prometer ninguém é
obrigado, não, mas cumprir, é”, disse, pedindo eleição geral. Segundo ele,
“todo mundo deveria entregar os cargos, da presidente da República ao
governador”.
O presidente da
comissão, deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), também manifestou sua
indignação com o governo e sua preocupação com a indefinição no que diz
respeito à assinatura dos protocolos. Ele criticou também a concessão da Grande
Medalha da Inconfidência ao coordenador do Movimento dos Sem Terra (MST), João
Pedro Stédile.
O deputado Dilzon Melo
(PTB) manifestou “estranheza com a desídia do Estado”. Segundo ele, “o
governador sabe ou deveria saber que trazer empresas para o Estado não é
custeio nem gasto, é investimento social”. “Em 120 dias de governo, nada
aconteceu. Se o governo não quer dar subsídio, não dê, mas dê aos empresários a
visão e o respeito que eles merecem”, disse.
Requerimento - Durante
a reunião, os deputados aprovaram requerimento de autoria do deputado Ivair
Nogueira (PMDB), para a realização de visita à Refinaria Gabriel Passos, em
Betim (RMBH), para verificar as condições de armazenamento dos combustíveis
produzidos no complexo petroquímico.
Fonte Assembleia Legislativa de Minas Gerais - ALMG
Fonte Assembleia Legislativa de Minas Gerais - ALMG
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