Já estão na mesa do governo as primeiras medidas que devem ser tomadas
pela nova equipe econômica para reduzir os gastos e melhorar a situação
desastrosa das contas públicas. As decisões, a serem anunciadas logo depois da
posse dos novos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson
Barbosa, devem atingir benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego e o
abono salarial.
O governo pretende reduzir o número de
parcelas do seguro-desemprego a partir do segundo pedido do benefício. Hoje,
quem é demitido tem direito a receber entre três e cinco parcelas. Elas poderão
cair para duas a quatro, na segunda solicitação, e para uma a três, no máximo,
no caso de um terceiro requerimento. Também está em discussão o aumento do
período de carência entre um pedido e outro. Hoje, esse prazo é de 16 meses.
Estão previstas ainda mudanças para
restringir o acesso à pensão por morte, paga pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) a dependentes dos segurados, como a exigência de um período maior
de contribuição. Além disso, deve aumentar o número necessário de meses
trabalhados para que as pessoas tenham direito a receber o abono salarial-
benefício pago anualmente a trabalhadores com renda até dois salários mínimos,
no valor do piso salarial.
As despesas com seguro-desemprego e
abono salarial foram de pouco mais de R$ 3 bilhões, em média, no primeiro
trimestre, mas saltaram para R$ 6,8 bilhões de julho a setembro.
As medidas de contenção estão na agenda
há tempos, mas vinham sendo postergadas pelo receio do impacto negativo na
opinião pública. Entidades trabalhistas já se mobilizam contra os cortes.
"Não concordamos com nenhuma medida de retirada do abono salarial ou do
seguro-desemprego", afirmou o presidente da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
Ontem, líderes de centrais sindicais se
reuniram com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Márcio Hol-land para tentar convencer o governo a apostar em um "projeto
de proteção ao emprego" em épocas de crise. "O trabalhador, em vez de
ser demitido, continuaria empregado. Ele teria jornada e salário menores, mas
teria a vaga mantida", explicou.
Pela proposta, as empresas poderiam
recorrer a esse mecanismo por um prazo determinado. Além disso, haveria um
limite, cerca de 30%, para a redução dos salários. "O governo poderia
compensar o trabalhador pela diminuição de renda. A fonte desse dinheiro ainda
está em discussão", afirmou o primeiro secretário da Força Sindical,
Sérgio Leite.
"Hoje, é utilizado o sistema de
lay-off. Mas ele tem um problema grave, que é a suspensão do contrato do
trabalhador. Isso pode prejudicá-lo futuramente, como, por exemplo, em questões
previdenciárias", disse Freitas, da CUT.
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