Reconhecimento
Os escravos negros do
Brasil gritavam por liberdade no ano de 1888. Liberdade de poder decidir sobre
os rumos das próprias vidas e liberdade de serem reconhecidos como povo com
história, cultura e espaço na sociedade.
A liberdade veio com a Lei Áurea que aboliu a
escravidão e não os negros. Esses passaram a viver marginalizados na sociedade
da época. Ainda hoje, os descendentes
dos escravos brasileiros carregam marcas desse período de rejeição da minoria
burguesa e também do governo.
Depois de 124 anos,
apesar de todo o trabalho e abertura nos espaços públicos e instituições ainda
é nítido que a questão do negro é reprimida no país. Não há resultado pleno de
igualdade racial. O negro, por vezes,
tem que fingir para a sociedade que não está sendo discriminado.
Eu, como representante
de uma categoria formada por maioria de homens, negra e mulher ainda tenho que
reafirmar que somos capazes de desenvolver um trabalho igual ou tão bom como
qualquer pessoa.
O país não conseguiu
criar mecanismos efetivos para acabar com a desigualdade racial. Por isso, acredito que devemos fazer muito
mais ações unificadas e estabelecer uma agenda que coloque esse tema como
prioridade.
Na Secretária de
Políticas Raciais e Étnicas da Força Sindical, da qual faço parte, participei
de apenas dois eventos. Isso é pouco. É preciso que se fomentem discussões
sobre a condição dos negros no Brasil e que valorizemos os personagens que
conseguem destaque na sociedade.
O ministro do Supremo
Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, tem que ser reconhecido como exemplo pela
postura, ética e credibilidade com que conduz o seu trabalho. A vereadora eleita em Santa Rita do Sapucaí,
com apoio do Sindicato, Cibele, tem que ser reconhecida por ter colocado não só
a questão dos negros como também a das mulheres na campanha eleitoral.
Por fim, nunca devemos
nos esquecer de Zumbi dos Palmares que foi uma das primeiras vozes a gritar por
nossa liberdade e nortear o pensamento de luta de todo um povo. A voz de Zumbi
ecoa em cada negro que levanta a cabeça e se coloca como protagonista de sua
história.
Maria Rosângela Lopes
Presidente do Sindvas
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