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7 de fevereiro de 2011

Marcha em Dacar abre o 11º Fórum Social Mundial

Milhares de pessoas marcharam pelas ruas de Dacar na abertura da 11ª edição do Fórum Social Mundial. Sob sol forte, os participantes do encontro carregavam faixas marcando posição sobre vários assuntos que serão tratados nas discussões que começam hoje (7).


Reforçando o slogan “Um Outro Mundo é Possível”, muitos foram os coros e palavras de ordem contra o capitalismo, o neoliberalismo e a globalização. Uso de combustíveis fósseis, direitos trabalhistas e das mulheres, proteção contra o abuso infantil e homofobia foram alguns dos temas trazidos nas faixas, cartazes e músicas – cantadas em francês, inglês e na língua mais falada em Dacar, o wolof.

Vários grupos representavam regiões que lutam pela independência e reconhecimento internacional, como a Palestina e o Curdistão. No mês passado, o Sudão submeteu-se a uma consulta popular que, pelos primeiros resultados oficiais, deve ratificar o desejo do povo sulista de criar um novo país.

Habitantes do Saara Ocidental reivindicavam a separação do Marrocos. Outro grupo marroquino, de sindicalistas que lutam por mais direitos trabalhistas, chegou a demostrar descontentamento com a presença dos separatistas. “O Saara é do Marrocos”, disse um manifestante, que dirigiu-se à marcha pelo carro de som.

Muitas faixas lembravam a situação dos deslocados e refugiados – que atinge milhões de pessoas na África. Expulsos de casa pela violência da guerra civil, cerca de 5 milhões vagam por campos de refugiados em países como Uganda, Ruanda, Congo, Moçambique e o próprio Senegal.

A inquietação social no Egito e na Tunísia também apareceram na passeata, sendo saudada como um passo para a democracia. “É algo que todo mundo quer”, disse o presidente do fórum, o senegalês Buba Diop, durante a marcha. “Diversidade e respeito não são apenas desejos da África ou da Europa, mas de todas as pessoas. O povo do Egito agora pode dizer que está em um bom caminho. E espero que a África seja um novo espaço para libertação e democracia”.

No Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina – que, segundo a Organização Mundial de Saúde, já atingiu 130 milhões de mulheres no mundo – mulheres com trajes árabes mostravam indignação com a situação. Outro grupo, com chamativos vestidos azuis, pedia mais liberdade para as mulheres trabalharem.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou a tempo de participar da parte final da marcha – junto a uma faixa sobre inclusão digital - e discursar na cerimônia de abertura. Atacou o capitalismo, dizendo que já estavam identificados os males interno e externo dos povos oprimidos: o neoliberalismo e o imperialismo norte-americano.
       
Para o presidente da Bolívia, “os povos estão mobilizados na África, na América e agora no mundo árabe. O capitalismo agoniza frente à rebelião dos povos do mundo e às suas crises. Os pobres pagam pelas crises do capitalismo e nos obrigam a defender a Mãe Terra para defender o ser humano”.

Evo Morales chamou o aquecimento global de “genocídio” e incitou os países a se preparem muito bem para as próximas reuniões internacionais que vierem a tratar do tema, “para mudar o modelo de desenvolvimento”.
Bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do PCdoB e pelo menos uma do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estavam na passeata, que começou em frente às instalações da Rádio e TV Senegalesa e terminou na Universidade Cheikh Anta Diop, onde ocorreram as principais atividades do fórum. Uma grande Bandeira do Brasil também foi aberta durante o trajeto.

O Brasil também marcou presença na cerimônia de abertura, com um rápido discurso do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e com um show do grupo baiano Ilê Ayê.


Fonte EBC na África

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