A presidente do SINDVAS, Maria Rosângela Lopes, disse ser deboche ao
trabalhador a proposta de jornada de 80 horas semanais feita pelo presidente da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. Na última
sexta-feira (8), ele falou após um encontro com Michel Temer que as horas de
trabalho deveriam ser ampliadas e chegar a 12 horas por dia.
“Ele está debochando dos trabalhadores brasileiros. Nós estamos
reivindicando 40 horas semanais e o presidente da CNI fala em ampliar para 80
horas, isso é deboche”, enfatiza a presidente do SINDVAS.
Ainda na sexta-feira (8), as Centrais Sindicais divulgaram uma nota, abaixo, em
conjunto onde chamaram a declaração de Andrade como provocadora.
Propor jornada de 80 horas
semanais é uma provocação ao trabalhador brasileiro
“Nós sindicalistas
repudiamos a sugestão, proferida pelo presidente da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, nesta sexta-feira (8), após uma
reunião com o presidente interino Michel Temer e cerca de 100 empresários do
Comitê de Líderes da MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação), segundo a
qual o Brasil deveria ampliar sua carga horária de trabalho em até 80 horas
semanais e de 12 horas diárias para classe trabalhadora.
Neste momento em que as
centrais sindicais buscam um diálogo, a fim de estabelecer um consenso benéfico
para todos, tal afirmação, que faz lembrar a situação da classe operária do
século 19, surge como uma provocação estapafúrdia ao povo brasileiro.
O que os trabalhadores
querem e precisam é andar para frente, não retroceder na história. Neste
sentido aproveitamos a oportunidade para reafirmar nossa bandeira pela redução
da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário.
A proposta da jornada de 80
horas semanais vai na contramão de todos os estudos sobre o trabalho no Brasil.
Pesquisas do Dieese, por exemplo, apontam que a adoção das 40 horas semanais
poderá gerar mais de 2 milhões de novos postos de trabalho. Na mesma linha,
estudos do Ipea apontam que uma jornada de 12 horas semanais seria suficiente
para produzir a mesma riqueza produzida com uma jornada legal de 44 horas.
A elevação do nível de
emprego e dos salários irá beneficiar todo o país e promover o crescimento da
economia brasileira, fortalecendo o mercado interno, ampliando o consumo e
estimulando os negócios no comércio e na indústria.
A adoção de uma jornada de
80 horas semanais, por outro lado, causará um atraso social, cultural e
econômico, submetendo a classe trabalhadora a condições desumanas afetando (1)
sua saúde e qualidade de vida; (2) sua possibilidade de escolaridade e
conhecimento; (3) e reduzindo seu tempo de vida social e cultural.
Acreditamos que a redução da
jornada de trabalho sem redução de salário é indispensável para ampliar a
oferta de emprego, na medida em que os ganhos de produtividade - fruto do
desenvolvimento tecnológico e de formas mais avançadas de gerenciamento -
requerem essa mudança. Qualquer medida contrária só ampliará a precarização e
retirará direitos consagrados pela luta histórica da classe trabalhadora.
As centrais sindicais
conclamam à classe trabalhadora e ao conjunto do povo brasileiro para que se
mantenham alertas, vigilantes e mobilizados para a luta contra o retrocesso
neoliberal neste difícil momento da vida nacional, marcada por uma brutal
ofensiva dos capitalistas contra o Direito do Trabalho, a democracia e a
soberania nacional.”
Adilson Araújo, Central
dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Antônio Neto, Central
dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
José Calixto Ramos, Nova
Central Sindical dos Trabalhadores (NCST)
Paulo Pereira da Silva, Força Sindical
Ricardo Patah,União
Geral dos Trabalhadores (UGT)
Vagner Freitas, Central
Única dos Trabalhadores (CUT)
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