A reforma das leis
trabalhistas, que deve ser enviada ao Congresso até o final do ano, pode
reduzir custos e melhorar a produtividade das empresas, mas
"flexibilização excessiva" poderia prejudicar trabalhadores no País.
O reforço da negociação
coletiva, um dos tópicos que deve constar no projeto do governo, valorizaria os
termos acertados por empregadores e sindicatos. Dessa forma, o contrato
ganharia força maior perante a lei.
"Seria uma maneira de
tornar menos rígidos a jornada de trabalho e o tempo do intervalo para
refeições, por exemplo", afirmou Claudinor Roberto Barbiero, coordenador
da faculdade de direito do Mackenzie Campinas.
Segundo ele, o "grande
antagonismo entre sindicatos e empregadores" impediria a supressão de
direitos dos funcionários. Com a reforma, também seria possível adaptar os
acordos à realidade das empresas de determinado setor, reduzindo custos e
aumentando a produtividade.
"Se fosse necessária
uma redução da jornada de trabalho, haveria uma diminuição proporcional dos
salários pagos. É possível onerar menos o empregador sem prejudicar
funcionários", disse ele.
Entretanto, a alteração na
quantidade de horas trabalhadas poderia ferir cláusulas pétreas da
Constituição, ponderou Otávio Pinto e Silva, professor na Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o
especialista, muitos empresários esperam mudanças que permitam um aumento da
jornada sem pagamento de horas extras. "Alguns querem, por exemplo,
ampliar o tempo de trabalho estabelecido por lei de 44 para 48 horas
semanais", aponta.
Silva afirmou que uma reforma sindical é "imprescindível" para o avanço das alterações trabalhistas. Para ele, o modelo atual não garante a representatividade dos trabalhadores.
Silva afirmou que uma reforma sindical é "imprescindível" para o avanço das alterações trabalhistas. Para ele, o modelo atual não garante a representatividade dos trabalhadores.
"Precisamos de uma quantidade menor de sindicatos que seja mais forte e trabalhe com a associação voluntária dos funcionários. Se a forma atual prosseguir, os trabalhadores serão prejudicados caso a negociação coletiva ganhe força neste ano", avalia.
Terceirização
A polêmica continua quando o assunto é a terceirização da atividade-fim, que também pode aparecer entre os projetos do governo federal.
Para Barbiero, a mudança
seria positiva. "Poderia levar, inclusive, a maior criação de vagas, já
que reduziria encargos trabalhistas", disse. Estudos apontam que esses
gastos mensais das empresas podem chegar a 80% dos salários dos empregados
brasileiros.
Por outro lado, Silva defendeu que a proposta diminuiria o poder dos funcionários. "Se a atividade fim pudesse ser terceirizada, metalúrgicos poderiam ser representados por um sindicato de prestadores de serviço", exemplificou. "Isso levaria a uma precarização dos direitos atuais", continuou.
Por outro lado, Silva defendeu que a proposta diminuiria o poder dos funcionários. "Se a atividade fim pudesse ser terceirizada, metalúrgicos poderiam ser representados por um sindicato de prestadores de serviço", exemplificou. "Isso levaria a uma precarização dos direitos atuais", continuou.
Antônio Carlos Alves dos
Santos, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP),
afirmou que a ideia da reforma trabalhista é desregulamentar o mercado,
facilitando contratações e, também, demissões.
"Temos uma rigidez muito grande que está tornando a lei algo impraticável. Ainda assim, existe uma linha muito tênue entre a melhora da legislação e a perda de direitos dos trabalhadores. Uma flexibilização excessiva das regras poderia prejudicar os funcionários", analisou o economista.
"Temos uma rigidez muito grande que está tornando a lei algo impraticável. Ainda assim, existe uma linha muito tênue entre a melhora da legislação e a perda de direitos dos trabalhadores. Uma flexibilização excessiva das regras poderia prejudicar os funcionários", analisou o economista.
Os entrevistados ressaltaram
que os efeitos das mudanças dependem de especificidades dos projetos que serão
enviados pelo governo ao Congresso. Na terça-feira, o ministro do Trabalho,
Ronaldo Nogueira, afirmou que propostas devem ser encaminhadas ao Legislativo
até o final deste ano.
Manutenção
do PPE
Outro ponto abordado por
Nogueira foi a manutenção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), com final
previsto para 2017. Segundo o ministro, o governo vai buscar que a plataforma
seja permanente.
"É algo positivo",
avaliou Silva. "O PPE consegue atender as dificuldades dos empresários e
tem como contrapartida a manutenção do emprego dos trabalhadores",
entende.
DCI
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