Ao redor do mundo, 1,5
bilhão de pessoas têm trabalhos considerados vulneráveis. São imigrantes
ilegais, trabalhadores do sexo, empregados em atividades perigosas (como os
carvoeiros), domésticos, trabalhadores em condições precárias, sem proteção
social e representação sindical. No Brasil, 25,1% dos trabalhadores estão
nessas condições. Há ainda outro grupo de vulneráveis: trabalhadores que vivem
com menos de US$ 2 por dia. No mundo, são 830 milhões e no Brasil, 3,4% dos
trabalhadores. O relatório anual do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud) deste ano teve como tema “Trabalho como motor do
Desenvolvimento Humano”.
— É obvio que o emprego
tem importância no desenvolvimento, mas não devemos olhar só para (a geração
de) emprego, mas para a dignidade das pessoas — afirmou o representante do Pnud
no Brasil, Carlos Benitez.
Na avaliação da
organização, o Brasil está melhor que vários países porque tem uma agenda de
trabalho decente. Além disso, deu um grande passo com a Lei das Domésticas, o
que deve gerar ganhos de qualidade de vida nos próximos anos.
— Pela primeira vez,
estão pagando o FGTS dos trabalhadores domésticos no Brasil. Era uma coisa
inacreditável. Havia uma categoria de trabalhador diferente que não tinha
direito a FGTS — ressalta a coordenadora do relatório no Brasil, Andréa Bolzon.
No Brasil, mais de 90%
dos empregados domésticos são mulheres. Situação desigual que não é
exclusividade brasileira. No mundo, mais da metade das mulheres têm trabalhos
que não são considerados dignos.
204 MILHÕES SEM EMPREGO
No mundo, há 204
milhões de desempregados, um número praticamente igual ao da população brasileira.
No país, a recessão tem provocado aumento do desemprego
.
— Há uma resiliência da
sociedade brasileira (por causa dos benefícios sociais) para enfrentar a crise
— diz Andréa.
A desigualdade no
trabalho atinge diretamente as mulheres. Três em cada quatro horas de trabalho
não remunerado no mundo são feitas por mulheres. Em Teresina, a sorveteira
Gorete Lima inicia sua jornada às 7h cuidando da casa e preparando sorvetes que
vende a partir das 17h em festas, onde fica até as 3h.
— São dez horas de serviço,
a maior parte em pé para limpar a máquina e vender os sorvetes. É uma vida
dura, mas foi assim que eu criei meus filhos.
O
Globo
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