As centrais sindicais
vão se reunir na capital paulista, na sede da Central Única dos Trabalhadores
(CUT), para debater as recentes demissões na indústria automobilística na
região do ABC paulista e tentar conter novos desligamentos.
No final do ano, 800 metalúrgicos
foram desligados da Volkswagen, o que motiva a greve na empresa, que entra no
quarto dia. A montadora Mercedes-Benz também confirmou 160 demissões. Na
quarta-feira (7), os funcionários fizeram uma paralisação de 24 horas. Eles
retornaram ao trabalho, mas ainda fazem panelaços em protesto.
Participam do encontro,
além da CUT, a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores, a Nova
Central Sindical de Trabalhadores e a
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. A reunião
será na terça-feira (13), às 10h.
De acordo com João
Carlos Gonçalves Juruna, secretário-geral da Força Sindical, o objetivo é
definir a agenda deste ano para retomar a pauta trabalhista com o governo.
Assuntos como mudança no auxílio-desemprego, fator previdenciário e terceirização
devem ser tratados.
Juruna disse que as
centrais adotarão medidas para colaborar com o Sindicato dos Metalúrgicos.
“Vamos dar apoio político, insistir na negociação com os empresários, pedir
para o governo mediar. Tudo que o sindicato precisar das centrais será decidido
com eles”.
O representante da
Força criticou a postura das empresas. “As montadoras estão fazendo um jogo
político para poder pressionar o governo, demitindo, para que mantenha a
redução do IPI [Imposto Sobre Produtos Industrializados]. Isso é um jogo
político que está por trás. Por isso, a dificuldade de negociação. Até porque o
acordo que os nossos companheiros do ABC fizeram [com a Volkswagen] era até
2016, de não demissão. Aí antecipam as demissões justo no momento em que o governo
diz que vai retirar o IPI”.
Diante das críticas, a
assessoria de imprensa da Volkswagen informou que não vai se pronunciar. A
Mercedes-Benz esclareceu que a fábrica no ABC paulista produz apenas veículos
comerciais (caminhões e ônibus) e que, por isso, não é não é beneficiada pela
redução do IPI.
Em 2012, o sindicato e
a Volkswagen firmaram acordo coletivo, com validade até 2016, prevendo questões
como estabilidade e politica de reajustes. No ano passado, porém, a empresa
quis rever o acordo, mas a proposta foi rejeitada, em assembleia, pelos
metalúrgicos. O sindicato reclama que desde então, a empresa não chamou os
trabalhadores para negociar e tomou uma decisão unilateral sobre as demissões.
A Volkswagen argumenta
que, quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva para
a indústria automobilística era positiva, pois acreditava-se que seriam
vendidos 4 milhões de unidades em 2014. “O que ocorreu foi uma retração para
3,3 milhões. É importante lembrar que, na Unidade Anchieta, o nível de
remuneração médio é mais alto que o dos principais concorrentes, inclusive na
região”, informa nota da empresa.
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