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22 de julho de 2014

Setor automotivo quer ajuda do governo para cortar custos

Com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros garantida até o fim do ano, o setor automotivo quer agora medidas para baratear custos ao longo da cadeia de produção. Representantes do segmento ouvidos pelo Valor avaliam que, apesar de importante, a redução do tributo pode não ser suficiente para recuperar o mercado automotivo e que novas desonerações na ponta não bastam.

"O que temos hoje é um problema de mercado, de falta de financiamento para o setor, que está travado. Precisamos de um programa mais profundo, focado em redução de custos", disse um empresário.
Entre as propostas que deverão ser discutidas com o governo nos próximos meses está a criação de linhas de financiamento para modernização de fábricas de autopeças e a formatação de políticas de estímulo à produção nacional de itens hoje importados, principalmente componentes eletrônicos.

O setor também defende novas desonerações sobre insumos, alíquotas de importação menores para matérias-primas e maior rapidez na devolução de tributos.

No governo, porém, há pouco espaço para novos estímulos, principalmente os que envolvem renúncia de arrecadação. O entendimento é que o segmento já foi contemplado com medidas como a redução do IPI e a renovação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e que a extensão do Inovar-Auto até 2017 já beneficia o segmento de autopeças. Além disso, não há espaço fiscal para novas desonerações. "Estamos sempre discutindo todo um menu de propostas, mas isso não quer dizer que elas serão adotadas", disse um representante da área econômica.

A pauta de redução de custos deverá ser apresentada paralelamente à outra considerada essencial no momento: a melhoria do crédito para o setor. Governo e empresários concordam que a falta de crédito é um impasse à retomada das vendas, mas ainda não conseguiram chegar a um consenso.
Para o empresariado, a inadimplência crescente e o alto custo para retomada dos carros fez com que os bancos pisassem no freio do crédito. Já o governo avalia que as instituições financeiras estão sendo muito conservadoras e poderiam desembolsar mais.

O governo admite que há um entrave no crédito para o setor e chegou a estudar algumas medidas, como a criação de um fundo com recursos dos depósitos compulsórios para comprar carteira de crédito dos bancos das montadoras. No momento, a medida está na gaveta porque na área econômica entendeu que não teria um impacto significativo e que ia em direção contrária à política de aperto monetário adotada pelo Banco Central. "Novas medidas estão em estudo, mas não tem nada decidido", completou o técnico.

A expectativa da área econômica é de que as vendas de automóveis apresentem melhor desempenho no segundo semestre. Na visão do governo, o primeiro semestre ruim para os carros foi resultado de questões pontuais, como a descontinuação da produção de veículos, o número menor de dias úteis e o deslocamento de férias. Além disso, os resultados de setores como ônibus, caminhões e máquinas agrícolas foi positivo.

Além de ter superado essas questões, a normalização das relações com a Argentina também deverá contribuir para a melhoria nos próximos meses. No mês passado, o governo reativou o acordo automotivo que prevê que o Brasil poderá vender com isenção de impostos, no máximo US$ 1,5, para cada US$ 1 importado do país vizinho.

Também em junho, diante do cenário ruim, o governo decidiu prorrogar a redução do IPI para automóveis até dezembro. Sem a prorrogação, alíquota para carros 1.0, por exemplo, teria subido de 3% para 7% no início deste mês. Com a medida o governo vai abrir mão de R$ 800 milhões no segundo semestre, R$ 1,6 bilhão no ano todo. A avaliação da área econômica é de que o importante, no momento, era manter o IPI reduzido para não prejudicar ainda mais o setor.



Fonte Valor Econômico

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