Os trabalhadores da
Metagal cruzaram os braços, na tarde desta quinta-feira (30), na unidade de
Santa Rita do Sapucaí por melhor valor da segunda parcela da PLR 2013. Os trabalhadores do segundo turno se
recusaram a entrar na empresa e os do primeiro turno, quando saíram da fábrica,
se juntaram a massa trabalhista e gritaram NÃO as propostas até então feitas
pela Metagal.
A presidente do
SINDVAS e da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos de Minas Gerais (FEMETAL), Maria Rosângela Lopes, com o aval dos trabalhadores, deixou claro que
o retorno ao trabalho só aconteceria com uma nova proposta de PLR e que antes
passaria por aprovação dos trabalhadores.
Enquanto aguardavam uma
resposta da empresa todos os trabalhadores permaneceram debaixo do sol quente
de Santa Rita do Sapucaí. Quem pode procurou refugio debaixo de árvores ou de
sombrinhas, mas ninguém arredou o pé do propósito de uma PLR digna.
No meio da tarde, a
presidente do SINDVAS sugeriu que se formasse uma comissão de trabalhadores que
representasse os demais caso a empresa abrisse negociação. Cerca de 60
trabalhadores formaram essa comissão e chegaram a um valor mínimo para se
fechar a PLR. A proposta foi de R$ 1 mil
a serem pagos em 24 horas e que foi aceita por todos os trabalhadores após
votação.
Pouco tempo depois, a
empresa reabriu negociação e chamou o SINDVAS para discutir proposta na sala do
Conselho da Metagal via videoconferência, com os diretores de São Paulo. A
presidente e os diretores de base do Sindicato além de quatro trabalhadores
representantes da comissão participaram da reunião.
Os diretores da empresa
tentaram justificar a demora em negociar dizendo que estavam "raspando o
fundo do tacho para pagarem o trabalhador". A presidente do Sindicato
respondeu o trocadilho dizendo que no "fundo do tacho se encontra o doce
mais gostoso".
Por fim, na reunião
ficou acertado o valor de R$ 1 mil pagos 24 horas como segundo parcela da PLR
2013 da Metagal.
Polícia
A Polícia Militar
chegou à Metagal logo após os dirigentes do SINDVAS e a comissão dos
trabalhadores entrarem na reunião via videoconferência. Outros diretores, que
ficaram com os trabalhadores na porta da empresa, relataram que a ação inicial
foi de autoritarismo. (A Polícia Militar compareceu armada de forma ostensiva e
com um policial a paisana armado da mesma forma dizendo ser da inteligência da
polícia, fotografando dos dirigentes e veículos do Sindicato).
Perguntados se queriam
entrar na fábrica, os trabalhadores mais uma vez disseram NÃO e dessa vez para
a Polícia que obrigou o portão ficasse aberto. (O portão jamais esteve fechado.
O portão é eletrônico e o controle fica na mão da empresa, ficando fechado por
opção da mesma).
Os trabalhadores
demonstram que com isso não estão subjugados pelo capital e sabem que podem
democraticamente exercer o seu direito à greve.
Nenhum prego na Metagal caiu durante a paralisação.
Nenhum prego na Metagal caiu durante a paralisação.
"Não estamos de
brincadeira, não dilapidamos o patrimônio da empresa. A paralisação está
pacífica e a empresa já havia sido avisada", concluiu. A direção da
Metagal respondeu que não havia sido a empresa responsável pelo acionamento da
polícia "e sim a segurança privada que tem isso como regulamento".
Mas, a mentira tem
perna curta. Assim que o policial quis redigir o Boletim de Ocorrência informou
que este precisaria ser assinado pela pessoa da Metagal responsável pelo acionamento
e a advogada, Damaris, confessou que havia sido ela a responsável, porém
"que havia feito por ordem de superiores".
A presidente do SINDVAS teve o rosto fotografado
para ser enviado a inteligência da Polícia. " Disseram que eu já estava
sendo investigada", relatou a presidente que respondeu "eu sou de 70,
vive a ditadura".
Direito
à greve
"A Constituição
Federal, em seu artigo 9º e a Lei nº
7.783/89 asseguram o direito de greve a todo trabalhador,
competindo-lhe a oportunidade de exercê-lo sobre os interesses que devam por
meio dele defender".
A greve não é ato
criminoso, pelo contrário é um direito do trabalhador para que possa manifestar
o seu descontentamento e lutar por melhores condições.
Lamentamos
profundamente a postura policial com os trabalhadores, que se manifestavam
pacificamente, uma vez que sabemos que eles também como trabalhadores não
impedidos realizar manifestações e "lutamos para que eles possam ter esse
direito", concluiu a presidente.
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